Aposta de Pabllo Vittar e Duda Beat para o verão, “Ai que Calor” já nasce hit. Um pancadão com pitadas do eletrônico do Norte e do Nordeste (calypso, tecnobrega), a faixa encerra o ciclo de lançamento do álbum “Batidão Tropical Vol. 2”, que deu a Pabllo uma nova dimensão internacional, já que um dos singles nele contidos, “São Amores”, explodiu na América Latina e na Espanha graças ao TikTok. A composição é de um time de estrelas do pop atual e inclui, além da própria Duda e de Pabllo, os hitmakers Bibi, Rodrigo Gorky, Zebu, Maffalda, Pablo Bispo, Ruxell, Number Teddie, Tomás Tróia e Lux Ferreira.
“Essa é uma parceria muito aguardada pelos nossos fãs. Há quase três anos manifestamos o desejo de colaborar uma com a outra, e finalmente essa parceria linda vai acontecer. É uma música envolvente, com a cara do verão”, disse Duda no lançamento à imprensa.
Ainda sem um clipe longo, a música vem com visualizer produzido pela Mataderos Projects e direção de Dr1nho.
De “Legalize Já” a “Jardineiro”, de “Salve Kalunga” a “Quem Tem Seda”, é amplo e representativo do repertório de hits da banda Planet Hemp presente no novo álbum da banda, lançado em novembro para celebrar suas três décadas de atuação. “Baseado em Fatos Reais: 30 anos de Fumaça” traz 26 sucessos do grupo carioca cuja principal mensagem é a defesa da legalização da maconha. Gravado ao vivo, com produção de Daniel Ganjaman, o trabalho une os integrantes Marcelo D2, BNegão, Nobru Pederneiras, Pedrinho e Formigão, além de um timaço de convidados. Entre eles, Black Alien, Emicida, Pitty, Criolo, BaianaSystem, Seu Jorge, Rodrigo Lima (Dead Fish), As Mercenárias e vários outros.
"Esse álbum ao vivo é mais do que uma celebração, é a reafirmação de tudo que sempre defendemos desde o começo”, disse D2 no lançamento à imprensa. "Cada faixa e participação trazem um pedaço dessa história, e ouvir isso ao vivo, com a energia do público, é lembrar o motivo pelo qual começamos. São 30 anos, e a chama não se apagou nem se apagará.”
BNegão completou: "Tem algo marcante em pisar no palco e ver uma galera nova cantando tudo com a mesma empolgação de quem estava lá no começo. Esse disco ao vivo é o registro dessa energia, da nossa conexão com o público e de uma história que não se perdeu no tempo, ao contrário: apenas se fortaleceu.”
Depois de anunciar que o próximo álbum deverá vir só em 2025, Luedji Luna surpreendeu os fãs ao aparecer como feat na faixa “Let You Go”, da cantora e compositora senegalesa Marieme, estrela do novo afrobeat. A parceria chega com direito a clipe produzidíssimo e gravado no deserto de Las Vegas, nos EUA. A química entre elas, na canção e no vídeo, é mais que evidente.
“Marcamos uma sessão de estúdio (em São Paulo), compusemos e produzimos a música em cerca de duas horas. O resto do tempo passamos rindo e nos divertindo”, disse Marieme em declarações à imprensa.
A canção fala sobre a importância de encerrar ciclos tóxicos, como descreveu Luedji Luna, que, em novembro, tornou-se a primeira artista negra a ser reconhecida com dois Plays de Ouro da ABMI - Associação Brasileira da Música Independente, pelos singles “Banho de Folhas - Maz Remix” e “Um Corpo no Mundo”. Ambos estão no álbum “Um Corpo no Mundo”, de 2017, que superou 100 milhões de audições no streaming.
Um mergulho em gêneros negros — samba, reggae, rock ’n’ roll e amapiano, da África do Sul — pontua as quatro faixas que a cantora e compositora Larissa Luz lançou no último dia 18 de novembro. E que são um adiantamento do álbum “Fio Pavio”, que ela lançará no início do ano que vem.
“Queima”, “Ritual Baile”, “Paz Terrível” e “Tututu” falam do fogo como elemento de combate, transgressão, revolução e conexão da baiana com sua ancestralidade.
Uma conexão que, para ela, tem se dado igualmente no teatro. Também atriz, Larissa estrela o musical “Torto Arado”, adaptação da obra homônima do escritor Itamar Vieira Junior, baiano e negro como ela, que estreou temporada em São Paulo no fim de novembro, depois do sucesso em Salvador.
“Está sendo um presente para mim”, resumiu sobre sua fase de lançamentos, criações e indagações.
A cantora e compositora Jesuton, que movimentou a cena carioca nos anos 2010 cantando nas ruas, está de volta com o single “Alerta Vermelho”, parte de seu futuro quarto álbum, “Hoje”, previsto para março do ano que vem. Primeiro trabalho em língua portuguesa, o disco terá sonoridades negras variadas (soul, R&B, jazz) com tempero brasileiro e também português, já que ela está radicada no país europeu.
"Estou muito feliz de começar este projeto com uma estética e sons bem diferentes de tudo que eu fiz na minha carreira. A ideia era mesmo mergulhar em 'brasilidades', as coisas que me encantaram ao longo dos anos que morei no Rio de Janeiro e pessoas com quem tive uma identificação muito forte", disse a cantora em entrevista à Rádio França Internacional. "Eu queria muito fazer este projeto, me sentir parte da comunidade brasileira não somente no Brasil, mas ao redor mundo.”
A música, que “nasceu de um período difícil, mas transformador”, foi escrita por ela e pelo amigo Jonathan Ferr, que participa da gravação com produção de Pedro Gasparini Vicentini.
“Fala sobre encontrar coragem onde antes parecia haver só medo”, resume a cantora londrina de ascendência nigeriana e jamaicana.
O agora trio de samba Casuarina, grupo presente e forte nas rodas cariocas há mais de 20 anos, lançou em novembro “Retrato”, um sugestivo nome para a compilação de oito pouco gravados sambas que eles colocaram juntos num álbum. “Cataclisma”, clássico do sambista mineiro Catoni, vem provocando boa repercussão e colhendo audições no streaming.
“Quando ouvi este samba pela primeira vez, fiquei impactado pela letra, que é muito atual e tem forte conteúdo político. Além da letra forte, a pegada melódica lembra um canto de capoeira, cheio de ancestralidade”, conta Gabriel Azevedo (pandeiro, voz e percussão), que lidera o Casuarina ao lado de João Fernando (bandolim e voz) e Rafael Freire (cavaquinho e voz).
Ele comentou ainda por que convidou a cantora Marina Iris para participar. “Pensamos em uma cantora negra, uma mulher forte, com histórico político, e a Marina tem todas essas características. A escolha casou perfeitamente.”
Outra faixas que se destacam no EP são “Catatau”, criação de Guaracy Sant’anna, o Guará, criador de hinos eternizados por Jovelina Pérola Negra, e “Malandro Sou Eu”. Este último e delicioso samba, aliás, ganha pegada esperta que tenta fugir da avassaladora versão de Beth Carvalho para essa composição a seis mãos: Arlindo Cruz, Sombrinha e Franco.
Lançado em outubro, o álbum de estreia solo de Dora Morelenbaum, integrante de uma das mais frescas novidades do indie carioca em anos, o Bala Desejo, transpira frescor e sonoridades atraentes. Produzido por Ana Frango Elétrico, “Pique” tem 11 faixas compostas por ela própria, em parceria com Tom Veloso e Zé Ibarra (seu colega de Bala) ou pela cantora e compositora Sophia Chablau.
Com gêneros variados — do pop ao jazz — e uma complexidade em algumas faixas que recorda as cordas do pai, Jaques Morelenbaum, tem a participação de um quarteto composto por Alberto Continentino (baixo), Sérgio Machado (bateria), Guilherme Lino (guitarra) e Luiz Otávio (teclados), além de Marcelo Costa (percussão) e Diogo Gomes (trompete).
"Já tinha algumas músicas que eu tinha guardadas, mas que não entraram no primeiro EP ('Vento de Beirada', de 2021) porque não faziam parte daquele universo. E não entraram no Bala também porque eu achava que não tinham a ver com aquele projeto”, disse Dora ao jornal Folha de S. Paulo. Na mesma entrevista, contou ter pensado em Frango Elétrico imediatamente para a produção, assim que pensou no álbum. "Eu tinha gravado em seu segundo álbum, ela também coproduziu o disco do Bala. Ela estava presente, próxima. Mais do que isso, pensei nela a partir das referências que eu imaginava para esse disco.”
Samuel Rosa lançou um vinil especial do seu primeiro projeto solo, “Rosa”, disponível desde junho nas plataformas digitais. Parceria com a revista Noize, a versão LP traz as 10 criações do artista para o álbum num espetacular disco translúcido cor de rosa, com encarte em forma de revista cheio de detalhes sobre o projeto e a obra do mineiro criador do Skank.
“O compositor que eu sou hoje é um pouco diferente do que eu era da última vez que eu fiz um álbum. Tudo é muito dentro. Tudo é muito do que eu vivi e de coisas que eu testemunhei, que assisti às pessoas vivendo”, disse Samuel, que comentou ainda a fase solo depois do sucesso estratosférico com a banda encerrada em 2023: “Não há como chegar a certas coisas sem correr riscos, sem abdicar de garantias, responder por acertos e erros, ter a última palavra e tal.”
“Rosa” tem coprodução de Renato Cipriano e participações de Doca Rolim (guitarra), Alexandre Mourão (baixo), Pedro Kremer (teclados) e Marcelo Dai (bateria e percussão). A capa do LP é assinada pelo artista plástico Stephan Doitschinoff.
Numa pegada que faz lembrar o mítico “Rap da Felicidade” (espécie de marco zero do funk carioca, apresentado em 1995 por Cidinho e Doca), Eddi MC lança “A Baixada Nunca se Rende” como um rap-exaltação sobre a região onde mora. Cansado de ver sua Belford Roxo e outras cidades da Baixada Fluminense no noticiário policial, ele se juntou à poeta e escritora Celeste Estrela para compor o single principal do seu novo EP, homônimo, que chega às plataformas digitais em janeiro. Com quatro faixas carregadas de simbolismo e uma mistura esperta de gêneros — com sonoridades do samba, do funk, do rap —, o EP tem produção caprichada de nomes como Du Brown, DJ Natan e Bira Andrade, estes dois últimos ex-integrantes da banda Nocaute.
Além de Celeste, que surge cantando no single principal, Eddi recebe ainda Jailson Lisboa na faixa "Beat Box – o Sexto Elemento” e firma uma parceria com o rapper moçambicano Big Master C, em “Éramos Seis”, numa denúncia contundente do racismo.
“Big Master C é conhecido como o rapper mais ligeiro da África, com uma dicção incrível”, conta Eddi, que se orgulha de ter ajudado Celeste, agora com 84 anos, a abraçar o universo do rap, quando se conheceram num sarau poético no subúrbio carioca.
O primeiro show de lançamento será no dia 15 de janeiro, no Audio Rebel, no Rio.
Morto há 50 anos, o britânico Nick Drake teve uma das faixas do último — e mítico — disco revisitada pelo paulistano Flávio Tris. Não é uma faixa qualquer. "From The Morning" fecha o álbum “Pink Moon” e foi a última coisa gravada pelo intérprete e compositor folk de pegada melancólica e reconhecimento tardio, que teve seus três discos oficiais incluídos por publicações como “Rolling Stone” e “Time” entre os melhores de todos os tempos.
“Amei (a canção) desde a primeira vez. Afinei um violão na afinação dela e aprendi a tocar. E aí a cantei pelos anos desde então, sempre reproduzindo o dedilhado usado na gravação, até que um dia resolvi que ia cantá-la também nos shows. Então me pus a repensá-la inteira, achar a minha leitura dela", conta Tris, que, na faixa, tem a companhia de Conrado Goys (guitarra), Kiko Woiski (baixo) e Gui Augusto (percussão).
A regravação, autorizada pela família de Drake, eterniza a admiração do brasileiro pela obra de um criador que ele admite ter descoberto há não tanto tempo, “provavelmente há uns dez anos."
“O que cativa mesmo é o próprio Nick, a pessoa dele, o modo de dizer as coisas que diz. É altamente singular e brilhante e carregado de beleza", resume Tris, que lança a faixa pelo selo Pequeno Imprevisto, em parceria com o curador musical Eduardo Lemos Martin.